A Osteopatia ou Medicina Osteopática “é uma abordagem palpatória, diagnóstica e terapêutica das disfunções de mobilidade tissular em geral e articular em particular, no quadro de sua participação na aparição das doenças” – definição da Academia de Osteopatia Belga.
A saúde é baseada na capacidade natural do corpo de reagir, resistir e combater os agentes nocivos do ambiente, seus estresses e restrições. A doença começa quando essa capacidade natural é reduzida ou superada, e o corpo não consegue combater, sozinho, essas influências nocivas e quando isso acontece, a Osteopatia pode ser usada como ferramenta terapêutica.
Onde surgiu a técnica?
Fundada por Andrew Taylor Still nos Estados Unidos em 1874, a Osteopatia chegou ao Brasil pelas mãos de Bernard Henri Quef DO REO F osteopata francês que, em 1986, deu início à formação dos primeiros osteopatas brasileiros, fundando o Instituto Brasileiro de Osteopatia- IBO. São três os seus princípios básicos:
Como ser dá seu tratamento?
A Osteopatia trata a disfunção somática, ou seja, quando o “soma”, ou o “corpo”, tem a sua função alterada ou prejudicada nos seus vários componentes (estruturas esqueléticas, articulares, miofaciais, linfáticos e neurais) tendo também caráter preventivo.
Para a sua terapêutica é fundamental, no raciocínio osteopático, um amplo conhecimento da anatomia e fisiologia humana e de todos os processos envolvidos em seu funcionamento.
Os osteopatas diagnosticam a disfunção somática pela procura da função anormal, por meio da avaliação anatômica palpatória e cinesiológica. Os critérios para identificar a disfunção são achados de palpação, presença de assimetrias, alterações da amplitude de movimento, mudanças na textura do tecido e sensibilidade.
Associa os achados do exame físico à história do paciente e exames complementares.
Há restrições para seu uso?
Por usar técnicas manuais, não há restrição quanto a faixa etária (desde o recém-nascido ao idoso), evolução do quadro e tem indicação para uma variedade de doenças musculoesqueléticas e viscerais e até emocionais.
Tem como objetivo trazer o equilíbrio ao corpo, favorecendo o processo de cura, que é inato ao corpo.
O osteopata entende que a doença do paciente não deve ser vista como uma enfermidade de apenas um órgão ou sistema, mas como parte de uma doença em todo o ser.
Portanto, o exame completo da singularidade do doente e da sua relação com os complexos fatores ambientais é que vão fornecer a base para o cuidado da saúde que o profissional irá promover.
O uso das técnicas de Osteopatia apresenta pouco risco de interações negativas com outros tratamentos. Pode ser excelente tratamento complementar, e pode ser muito eficaz em casos onde o tratamento convencional esgotou a sua capacidade de resposta.
Cabe ao osteopata observar se não há afecções que possam necessitar de tratamento médico urgente e a partir daí, considerar conduta osteopática adequada.
O que pode ser tratamento e o que é contraindicado com a Osteopatia?
São inúmeras as afecções que podem ser abordadas pela Osteopatia, sendo as mais comuns as afecções da coluna vertebral (cervicalgias, dorsalgias e lombalgias, cocciodinias, associadas ou não a sinais de compressão nervosa), ombros, quadris, articulações sacroilíacas e membros – como quadros dolorosos, tendinites, capsulites, entorses de repetição, distúrbios gastrointestinais (refluxo gastroesofágico, constipação, síndrome do cólon irritável), zumbidos, cefaleias e algumas tonturas, dismenorreia, disfunções do recém-nascido e crianças, além de auxiliar muito a adaptação ao processo de gravidez.
Recente estudo canadense identificou a dor musculoesquelética localizada na coluna, tórax, pelve e membros como a causa de busca pelo tratamento osteopático (61,9%), seguida problemas perinatais e pediátricos (11,8%), afecções na cabeça (9,1%), visceral (5%) e gerais (4,8%), sendo que a busca como abordagem preventiva ocorreu em apenas 0,3% dos casos.
São observadas algumas contraindicações parciais e absolutas para o tratamento osteopático. Não se apresenta adequada para fraturas e lesões ligamentares, trombose, osteoporose avançada, patologias infecciosas, tumorais, vasculares e nem àquelas em que a etiologia necessita de tratamento cirúrgico.
Recente estudo europeu evidenciou alta satisfação dos paciente com o tratamento osteopático, poucas complicações e resultados positivos em auto avaliações no tratamento de patologias espinhais crônicas onde a maioria dos pacientes já havia recebido outras formas de tratamento.
Referências
Morin & Aubin, Primary Reasons for Osteopathic Consultation: A Prospective Survey in Quebec, PLOS ONE, 2014.
Morris & Booth, Shaping conservative spinal services with the Spine Tango RegistryEur Spine J, 2018