O tratamento cirúrgico das patologias da coluna é uma realidade aplicável a muitos pacientes. Na maior parte das vezes, trata-se de uma opção dada à falta de resultados com o tratamento não cirúrgico, quando esgotam-se as possibilidades de uso de medicamentos, acupuntura, reabilitação ou treinamento físico entre outros, e não há recuperação de dois bens valiosos: independência funcional e qualidade de vida.
Noutras situações passa a ser indicação imperiosa, dado o risco de agravamento do problema que acomete o paciente.
Apesar de serem várias as patologias que podem afetar a coluna vertebral, os motivos que levam a necessidade de uma cirurgia não são muitos.
Quais motivos levam à necessidade de cirurgia?
Pessoas com deformidades, seja da infância e adolescência (quando se relacionam ao crescimento e amadurecimento da coluna – como as escolioses e cifoses) ou mesmo em adultos e idosos (quando passam a ter importante componente degenerativo), quando mais severos ou progressivos, podem tornar necessária uma cirurgia para correção da deformidade e realinhamento ou estabilização espinhal.
Pessoas vítimas de traumas ou de doenças destrutivas dos ossos e discos (como no caso de fraturas e lesões destrutivas como tumores e infecções) podem não apenas apresentar deformidades como também podem precisar de estabilização e até mesmo da substituição de um ou mais corpos vertebrais ou discos intervertebrais, para a preservação das estruturas nervosas (raízes nervosas e medula espinhal) assim como para permitir mobilidade livre de dor.
A presença de compressões nervosas (sejam radiculares ou medulares), que além de provocar dores, podem causar prejuízos da mobilidade e sensibilidade dos membros, seja para o uso das mãos ou mesmo para marcha domiciliar.
Quão agressivos são os métodos de tratamento cirúrgico?
Em muitos pacientes, normalmente naqueles com problemas degenerativos, procedimentos muito pouco invasivos como bloqueios e infiltrações costumam ser suficiente para o tratamento do paciente, ou permitem acelerar a resposta ao tratamento não cirúrgico.
Vários foram os avanços da cirurgia de coluna ao longo do tempo. Muito também mudou nas indicações e técnicas com o avanço tecnológico e o melhor conhecimento das patologias.
Um bom exemplo é o tratamento da hérnia discal lombar, antes temida patologia. Estudos recentes, com acompanhamento de paciente por ao menos quatro anos, evidenciam que o tratamento cirúrgico é mais benéfico ao paciente do que o tratamento não cirúrgico, quando os sintomas duram mais do que seis semanas em todos os parâmetros avaliados (como tempo de dor, limitação funcional, recidiva de dor), exceto quanto ao retorno ao trabalho onde houve paridade de resultados entre pacientes operados e não operados.
Desenvolvimento de implantes como recurso menos invasivo
Outra evolução importante deu-se no desenvolvimento de implantes, que hoje permitem abordagens menos invasivas, com menor agressão ao paciente, menor sangramento e possibilidade de recuperação mais rápida e menos dolorosa no período pós-cirúrgico, com vantagens nas fases mais inicias do tratamento, mantendo a mesma possibilidade de bons resultados que os tratamentos convencionais a longo prazo.
O que dizer ao paciente que teme pela cirurgia na coluna?
O temor habitual de complicações com a realização de cirurgias da coluna é o medo de complicações.
Uma cirurgia adequadamente indicada, planejada e realizada em conformidade a atender às necessidades do paciente traz benefícios como melhora de mobilidade, aptidão física, melhora de humor (pela redução de dor e melhora de aparência em casos de deformidades), diminuição de sofrimento e uso de medicações, retorno ao trabalho e atividade social.
Mas não há cirurgias isentas de riscos. Embora o mais temível deles, a ocorrências de paralisias, não seja comum, complicações como reações anestésicas, sangramentos, infecções, lesão nervosa e outras complicações clínicas como cardiológicas, urinárias ou respiratórias, podem sim ser uma possibilidade, principalmente em pacientes que apresentam doenças mal controladas (como o diabetes) ou por serem idosos com baixa reserva funcional.
Reoperações para revisões não planejadas, seja precocemente ou tardiamente também são possíveis, e várias são as razões para tal.
Um preparo adequado do paciente, bom conhecimento de sua doença e de seu estado geral, planejamento e a escolha da técnica cirúrgica mais adequada à necessidade que o mesmo apresenta tendem a ser a maior garantia de segurança e bons resultados do procedimento.